Adoro ler aqueles blogs de gastronomia maravilhosos que começam sempre dizendo que desde crianças o lugar preferido era na cozinha ajudando a mãe ou vó. Acho lindo e tenho até um certo ciuminho porque comigo não foi bem assim. Eu fugia mesmo da cozinha. Só aparecia pra comer e depois fugia também pra não lavar a louça. Não me julguem. Sei que é vergonhoso. Minha mãe é excelente cozinheira e monopoliza geral o espaço. Eu só agradecia e comia.
E não foi quando sai da casa dos meus pais que isso mudou, pois tive a sorte (muita sorte mesmo) de dividir o apê com uma chef de cozinha.
Como nada dura pra sempre chegou o dia que me vi de geladeira vazia e procurando vídeo no Youtube pra quebrar ovo.
Minha primeira compra do mês foi um verdadeiro desastre. Gastei horrores e a geladeira ainda parecia vazia. Recorri mais de uma vez aos amigos cozinheiros de plantão pra me ajudarem. Os deliveries e restaurantes da cidade me salvaram muitas vezes. Foi a época mais magra da minha vida (tudo tem seu lado bom).
Quando o Dan veio pra São Paulo dividiamos as atividades na cozinha. Eu fazia o que tinha aprendido depois de muito treino que era basicamente arroz e ás vezes risotto. Ainda penso se ele dizia que gostava só pra me agradar. Sabem como é começo de relacionamento. Tudo lindo. Até arroz sem gosto.
A coisa começou mudar quando nos mudamos de São Paulo para Jarinu. Nosso endereço não está no mapa, então delivery nem pensar. As opções de restaurantes são poucas e no geral só aos fins de semana. Tinhamos que dar um jeito ou seria sandubão e arroz pra sempre.
Juntos fomos aprendendo. A relação com o alimento foi mudando. Queríamos experimentar receitas diferentes, ingredientes inusitados, métodos novos e foi uma curtição que só.
A Mudança…
A grande virada aconteceu quando o Dan começou fazer os pães e na sequência passamos a nos interessar por permacultura e alimentação natural. Livros, documentários, estudos e artigos sobre esses assuntos transformaram-se em parte do nosso dia a dia.
Um dos nossos principais objetivos foi reduzir ao máximo o consumo de alimentos processados e zerar no quesito ultrapocessados.
Aprender sobre a sazonalidade dos alimentos e a respeitar o tempo da natureza tem sido de extrema importância pra ter sempre alimentos de boa qualidade e com melhor preço. Afinal ficamos mal acostumados a ter morangos disponíveis no supermercado o ano todo que não nos damos conta de que eles tem época certa e definida pela mãe natureza.
Apesar de termos uma hortinha ainda não conseguimos nos alimentar só do que plantamos, mas damos preferência por comprar direto do produtor. Adoramos uma feirinha livre <3 Saber de onde vem e como foi feito o que consumimos.
E haja criatividade pra evitar o desperdício. Abacate com ovo, vitamina de abacate, sorvete de abacate, creme de abacate, máscara para cabelo, e por aí vai. As possibilidades são infinitas. Dá uma sensação boa demais saber que aproveitamos até o talo. Estreita a relação com a natureza.
Quanto mais experimentamos mais curiosos nos tornamos.
A Oficina74 é extensão da nossa casa (literalmente) e aplicamos os mesmos princípios. O menu é sazonal e vamos alterando seguindo as regras da natureza. Nada de complicar.
Nossa dica é observar e aprender. Deixem a natureza surpreender vocês.