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Nosso Caminho Para o Vegetarianismo // Our Path to Vegetarianism

Estamos completando 18 meses sem carne.
A ideia nunca foi ser uma escolha restritiva, mas ao contrário ser um processo de descoberta de novos sabores e mil e uma combinações. Desde que tiramos a carne da nossa alimentação, abriu-se um extenso leque de possibilidades na cozinha que não tinhamos ideia que existia.
Tivemos alguns deslizes nesse período. Aconteceu quando ficamos na casa de amigos que prepararam jantar com todo amor para nos receber e jamais recusariamos, mas quem sabe não conseguiremos inspirar mais pessoas cozinhar vegetais e ter carne como acompanhamento, e não o inverso.

We are just completing 18 months without meat. The idea was never to restrict our diet, in fact, the opposite. There exist around us 1000’s of fruits, grains, pulses, vegetables and funghi. Combined, these create unlimited combinations. Since we removed meat from our daily diet, we’ve began to discover food from all around the World, that we can prepare in our kitchen, that we never knew existed. We had some slip ups along the way, staying with friends whom prepare food in their kitchens, for us to share and enjoy together, and we’d never dream of refusing, but moving forward, hopefully we can inspire those close to us to begin to prepare vegetarian food, with a meat side, rather than the other way around.


Para família sempre deixamos claro, e minha mãe achou a solução. Ela começou esconder carne na nossa comida. Sério. Ela fatiava de forma quase microscópica (ás vezes acho que ela passava no processador) e misturava nos legumes com muito molho pra não vermos. Ela ainda tem muita dificuldade em aceitar nossa decisão. Tem sempre aquela conversa que vai faltar proteína e vitaminas, etc.
Ledo engano, pois nunca nos sentimos tão saudáveis. Nem resfriado pegamos. Acho que ela parou de esconder carne. Parou mãe???

With the family, we always told them straight, that we no longer ate meat, and at events. we’d bring a principal dish and sides for us, and for others to sample. But Tati’s Mum wouldn’t have it, she’d try and hide meat in dishes, ground up to a microscopic speck, and drowned in sauce and spice. Like we couldn’t tell. She still has some difficulty in accepting the fact that we’re on this chosen path, and she always needs to talk about how we are missing out on proteins, vitamins and nutrition. But our Mothers aren’t always right.. We’ve never felt healthier, nor caught a cold in this period. Thankfully now, she has stopped hiding meat!

Em casa é mais fácil escolher o que vai no prato.Essa é a segunda etapa de alimentação sem carne na minha vida.
Na primeira vez foram 3 meses. Foi logo que voltei de uma viagem à India e como tinha mantido alimentação vegetariana por lá resolvi extender por mais um período.
Não foi nada fácil. Naquele tempo eu mal fazia miojo em casa e durante a semana fazia todas as refeições no escritório. Apesar de ter um buffet bem servido de saladas não tinha nenhuma opção que enchesse os olhos. Nesse período a minha dieta foi bem pobre e acabei mesmo ficando um pouco fraca.
Ok. Isso explica a preocupação da minha mãe. Porém as coisas estão diferente agora. Nossa lista de receitas maravilhosas com vegetais cresceu quase na mesma proporção que a indústria da carne (brincadeirinha).

This is my second attempt at going Veggie. The first time was just for 3 months. I recently returned home from a trip to India, since I had eaten a vegetarian diet there, I decided to keep it going a while longer. But it wasn’t easy. At that time, I had never learned to cook for myself at home, and would just eat lunch at the office, they had a large salad buffet, but with very limited Veggie options, so I wasn’t eating right at all. I got weak.. Perhaps this explains my Mum’s concerns now?! But things are different now. Our list of plates is growing by the day, almost at the same rate of the deforestation of the Amazon, so the World can enjoy a steak…. Joking, sort of.

Não nos declaramos vegetarianos, nem veganos, nem nada. Não precisamos de uma etiqueta. Dan e eu estamos mesmo é buscando uma alimentação mais natural, limpa e justa com o planeta (Quase o slogan do #slowfood). Esse é nosso jeito de cuidar melhor do nosso corpo e do planeta. Sabemos onde comprar boas hortaliças orgânicos que são produzidos por pessoas que confiamos, mas desconhecemos completamente onde comprar carne que não tenha sido entuchada de antibiótico ou que o animal tenha sido tratado com o mínimo de respeito.
Acho que já mencionei aqui que minha mãe nasceu e foi criada no interior de Minas Gerais. Meus avós tinham uma fazenda e tenho maravilhosas memórias de brincadeiras e travessuras pela casa. Eles sempre tiveram criação de galinhas, porcos, patos e vacas. E sim no “final do dia” se alimentavam das criações e também comercializavam. Trazia o sustento da casa.
Quando chegava o momento deles servirem de alimento para família todos sabiam de onde vinha e como tinham sido criados. Todo o animal era aproveitado, não somente o filé ou o peito do frango e ter carne no prato não era regra.
Sabemos onde encontrar boas hortaliças aqui na região, ás vezes vem até da nossa hortinha, mas carne desconhecemos completamente e por isso seguimos desbravando os vegetais.

We are not declaring that we are vegetarians, nor vegans, or anything, in fact. There doesn’t need to be an etiquette for things like this. Dan and I are just searching for a more natural food, a cleaner and just diet, for us and for the planet. (Almost the slogan for the #slowfood movement). This is our attempt to look after ourselves and our environment better. We know where to buy fresh, organic produce, produced by people whom we trust, and we grow our own food here, at Oficina, too. But we have zero idea of where to buy meat that has been reared with at least the minimum or respect, that lead a decent, free life, or that is not pumped full of growth hormones and antibiotics.

I think I’ve already mentioned my Mum is from the interior of Minas Gerias. My grandparents had a farm there, and they bred cattle, chickens, pigs and grew a huge percentage of the food they consumed. I have fond memories of playing around the farm, and yes, at the end of the day, sitting around the table and eating something they’d slaughtered. But the difference was we knew where it came from, who cared for it, what it ate, who slaughtered it and who prepared it, and the whole animal was used, not just a fillet, or a chicken breast.

We know where to get our Veggies from, but until we find a reliable source for meat, we’ll continue this path.

Informação, conhecimento e consciência. Isso vale não só para decidir se vai comer carne ou não, mas com tudo o que consumimos de uma maneira geral.

Information, knowledge and awareness. This is valid way to not only to decide whether to eat meat or not, but with everything we consume in a general way.

Ter uma alimentação a base de plantas foi difícil no início. Não porque tivemos vontade de comer carne, mas porque era sempre um martírio decidir o que fazer para o jantar. Na maioria das casas brasileiras a carne é o astro do prato e o restante só acompanha.
Foram uns bons meses até conseguirmos reverter esse jogo.
Criamos um esquema de planejar semanalmente quais pratos vamos fazer. Isso ajuda muito a economizar nas compras, reduzir o desperdício e o tempo que perdíamos discutindo o que fazer para o jantar.
Vamos começar compartilhar por aqui nossas receitas favoritas. Começando com um prato que amamos e que aprendemos através do livro Jerusalém, do OttoLenghi. <3
Normalmente servido em brunch, mas não nos limitamos e comemos do cafe da manhã ao jantar. Quando dá vontade.

Having a plant based diet was difficult at first. Not because we wanted to eat meat, but because it was always a martyrdom to decide what to do for dinner. In most Brazilian houses meat is the star of the dish and the rest is simply a compliment. It was a good few months until we got our heads around rearranging the plate around plants, rather than a hunk of meat.

We have created a scheme to plan weekly what dishes we will make. This helps a lot to save money on shopping, reduce waste and waste time discussing what to do for dinner.

Let’s start sharing our favorite recipes here. Starting with a dish we love and learned through OttoLenghi’s Jerusalem book.

O que tem pra comer hoje?

What’s for dinner today?

Shakshuka

(Adaptado de muitas receitas. Divirtam-se e adaptem também)
(Adapted from several recipes, you can enjoy adapting for yourself too, of course).

2 colheres de sopa de azeite ou óleo de coco
1 cebola picadinhas
2 dentes de alho picadinhos
1 pimentão vermelho ou amarelo cortado em tiras
1 porção de tomatinhos cereja (opcional)
1 colher de chá de páprica em pó (usamos a picante)
1 colher de chá de coentro em pó (se vc gostar)
1 colher de chá de cominho em pó
1 mão cheia de ervas como salsinha, cebolinha, menta, coentro e manjericão, picadinhas (as suas favoritas. Ouse)
400 g de tomates pelados em cubos ou um molho de tomate maravilhoso que vc tenha feito em casa
1 colher de sopa de mel
1 colher de sopa de chilli em pasta (opcional)
água
4 ovos (caipiras se possível)
sal e pimenta do reino à gosto

Para servir:
pão <3
zaatar
Molho de iogurte + ervas

2 tablespoons of olive oil/coconut oil
1 onion diced
2 garlic segments, finely chopped
1 pepper cubed.
A good handful of cherry tomatoes halved (optional)
1 teaspoon paprika
1 teaspoon of coriander spice
1 teaspoon of cumin
A handful of fresh herbs, basil, thyme, rosemary, bay leaves, scallions
400g of peeled tomatoes, cubed, or make your own homemade tomato sauce
1 tablespoon of honey
1 tablespoon chilli
Water
4 fresh eggs
Salt and pepper to taste

To serve

Fresh bread
Zaatar
Yoghurt and herbs

Preparo:
1. Coloque azeite ou óleo de coco na panela e frite a cebola em fogo médio por mais ou menos 5 minutos.

1a. Add oil to a hot pan and add onion for 5 or so minutes until clear and browning slightly.

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2. Adicione pimentão, cominho, coentro e os tomatinhos (se usando) por mais 10 minutos em fogo baixo, continue mexendo.
2a. Add pepper, cumin, coriander and cherry tomatoes (if using) for an extra 10 minutes, on a low heat, continually stirring.

3. Adicione os tomates pelados ou seu molho de tomate, alho, sal, mel, páprica, ervas e chilli (se usando) e deixa cozinhar por 10 minutos em fogo baixo.
3a. Add tomatoes, or your sauce, garlic, honey, paprika, herbs, chili and salt and pepper and leave to simmer for 10 minutes on a low heat.

4. Mexa ocasionalmente e adicione um pouco de água se começar grudar no fundo.
4a. Stir occasionally so it doesn’t stick to the pan, add in some water if it begins to thicken too much.

5. Com uma espátula ou colher de pau abra 4 cavidades no molho, quebre os ovos (um de cada vez) em uma tigelinha e adicione os ovos em cada cavidade com cuidado. Tampe a panela e deixe cozinhar de 8-10 minutos. Dependendo da consistência que vc gosta do ovo.
5a. With a wooden spoon open up 4 holes in the sauce, open up an egg and pop it into the hole, one for each hole, use a small bowl to help drop it in carefully. Close up the lid and allow the egg to poach. Anywhere between 8 to 10 minutes, depending on how you like your egg.

6. Retire do fogo e delicie-se com muiiiito pão, ervas frescas, zaatar, molho de iogurte e o que mais vc quiser.
6a. Remove the pan from the heat and serve on a warmed plate, with a healthy portion of fresh bread, zaatar, yoghurt or whatever else takes your fancy!

Shashuka

 

A beleza nas coisas mais imperfeitas // The beauty in the Imperfections

Quando contamos nossa história e falamos sobre nosso estilo de vida ouvimos 2 tipos de comentários:

When we told our story to family and friends about our proposed lifestyle change here on the farm, we were met with 2 types of responses:

  1. Os românticos- que coisa mais maravilhosa largar tudo e morar no campo. Um dia vou ter coragem de fazer isso também.
  2. Os realistas- vocês são loucos e irresponsáveis. Como vão viver assim? Jamais faria isso.
  1. The romantics, what a wonderful thing, leave all the nonsense behind to live on a farm. One day I’d love to so the same.
  2. The realists – You’re mad and irresponsible, how will you survive like this? Mostly, we’ve heard from the realists more.

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A verdade é que nenhuma das duas visões se aplicam no nosso cotidiano.

The truth is, neither of these opinions apply to our daily life here.

Passamos perrengues, temos um zilhão de dúvidas e questionamentos.

We pass through difficult times in life, it’s normal, and we’re left with a zillion doubts and questions.

Tem semana que o telefone não toca. Não vendemos um pão. Chove muito a estrada fica enterditada, a varanda cheia de lama, o bolo não cresce, e nossas reservas se esgotando.

There are weeks when the phone doesn’t ring, we don’t sell one bread. It rains, and rains and rains and the road ruts and becomes impassable, the veranda is full of mud, the cakes don’t rise and our savings are dwindling.

Ás vezes é um caos que só. Dan fica super irritado e eu choro.

Sometimes, it’s pure chaos. Dan gets stressed, I cry, it’s horrible.

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Então nos lembramos que viver essa experiência foi escolha nossa.  E toda escolha tem renúncia. Quão fortunado somos nós que temos direito de escolha? Muiiiito.

Then we remember that this life experience was our choice and every choice has sacrifices. But we can’t forget that we were lucky enough to be able to have this choice in the first place. Very lucky.

Como faz pra se recompor, centrar e fazer com que as coisas fiquem bem?

How do we do to make sure we stay composed, centered and make sure we focus on keeping things going?

O Dan pedala, faz jardinagem, faz pão… Eu faço um bolo, medito (tento), ajudo no jardim e costuro. E juntos cozinhamos.

Dan rides, he works in the garden, he makes bread… I make a cake, meditate, help in the garden and work on my machine, making home wares and dresses, and we cook together.

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Aos poucos vamos achando o nosso jeitinho de conectar-se com nós mesmos e com o mundo. O alimento tem um poder incrível de conexão. Talvez porque cozinhar faz com que você esteja presente. Vivendo o momento.

Slowly, we’ll find a way to connect better with ourselves and our public. Food is an incredible tool to bring people together, and when you cook, or prepare food, you’re present and in the moment.

E tudo passa. O dia nasce ensolarado, o telefone toca, desbloqueiam a estrada, os amigos nos visitam, tem flor, fruta e comida. É uma alegria que só.

The bad moments pass, they always do. The next day the sun rises, it’s sunny, the phone rings and the road becomes passable, friends visit, the garden is full of flowers, there are fruits on the trees, we have a roof over our head and there is food on the table. 

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img_0677Morando na roça temos aprendido muito sobre horta, orgânicos, alimentação, café, fermentação e tantos outros assuntos que nem imaginávamos um dia saber, mas temos mesmo é aprendido muito sobre nós mesmos.

Living on the farm we have learned so much about the garden, the land, organics, food, coffee, fermentation and so many day to day things its hard to list, but what we have learned more is about ourselves, learning from our mistakes and coming out the other side. 

Aprendendo a ver beleza nos dias cinzas e nas nossas próprias imperfeições.

We are learning to see the beauty on our grey days and in our imperfections.

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Devagar – Slowly

Devagar, lento, vagaroso, moroso, ocioso, desocupado e até tempo livre. Só conotação negativa. Do outro lado a velocidade quase sinônimo de eficiência e qualidade. Será mesmo que tudo precisa acontecer tão rápido?

Slow, or taking it easy, cruising, idle and even having “free time”. These things, generally, only have negative connotations. However, speed and it’s associated words, are almost synonymous with efficiency and quality. Does everything have to happen so fast?

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Frida em seu momento ocioso

Escuto e leio muito por aí que a geração da qual faço parte é mimada e quer tudo pra agora. Não temos tempo de esperar por aquela promoção e com 2 vídeos no Youtube nos achamos especialistas em tudo.

Eu diria que não é mal de uma geração, mas de um modelo de vida que todos temos levado onde tudo precisa acontecer o mais rápido possível. Difícil quando aos 30 anos você já é considerado velho para o mercado de trabalho.

We are a generation that wants everything, here, now, instantly. We don’t have time to wait for that promotion and after watching a couple of videos on Youtube, we want to become experts in every manner of fields.

I wouldn’t say that we are a bad generation, but we’ve lost our way somewhere, and now, everything just needs to happen as quickly as possible. It’s difficult however, that at around 30 years old, you are already considered old for the labor market.

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Esperando as beterrabas crescerem

Mas não é só aquela promoção que precisa acontecer com 6 meses de empresa. Também queremos receitas de 10 minutos, dietas para perder 20 kg em 1 semana, Fast power Yoga e nada de vídeos com mais de 50 segundos.

Não sei em que ponto isso aconteceu no mundo, mas entramos em um ritmo tão acelerado que mal limpamos a serpentina do Carnaval já é hora de colocar guirlanda na porta de casa.

Not only do we want that promotion 6 months into a new job, we want 10 minute recipes, diets where we can lose 20 kg in 1 week, Fast Power Yoga and we will absolutely not watch videos longer than 50 seconds.

I don’t know at what point this happened to us, but we go about our lives at such a fast pace that it seems the years pass in the blink of an eye.

Não ter tempo para nada é a resposta default.
Lendo o livro Devagar, de Carl Honoré, tem um trecho que ele fala de 2 crianças tentando achar um horário na agenda pra brincar. Tem que desmarcar o balé cancelar a aula de piano. Mudar a ginástica para quinta e faltar ao futebol para conseguir 30 minutinhos de brincadeiras.
Soa familiar?

We don’t have time, has become a default response. Reading the book “In Praise of Slow” by Carl Honoré, he has a passage where he speaks about two children trying to find time in their busy schedules to play. You have to clear the ballet, cancel your piano lesson. I’ll change my workout from Thursday and miss the football to get 30 minutes of playtime. Imagine, eh?

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Ralph sempre ganha a corrida

Estamos sempre correndo atrás de alguma coisa, e o pior é que parece que estamos sempre para trás. Sempre perdendo. Sempre faltando.

We are always running after something, and the worst thing is that we seem to be always behind. Always losing. Always missing out.

Estamos treinando o desacelerar.
We are trying to train ourselves to decelerate.

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Ás vezes me pego no telefone resolvendo alguma coisa da Oficina (ultimamente problemas com Electrolux) e mentalmente já estou ligando para o próximo, pensando em um texto que tenho que escrever ou na próxima fornada de pães.

Sometimes I catch myself on the phone solving something regarding Oficina (probably with Electrolux) and mentally I’m already thinking about the next call or about a text I have to write, or the next batch of bread to bake.

img_8299img_2294Morar em uma casa pequena em uma cidade pequena. Levar uma vida simples. Tudo isso tem sido de grande aprendizado, mas nesse momento nada tem nos ensinado tanto sobre a vida e sobre o tempo das coisas como quando fazemos pão.

É exercitar a paciência e aceitar ser mero coadjuvante trabalhando em parceria com a farinha e água enquanto quem dá o tom é o tempo.

We live in a small house in a small, simple town. We lead a simple life. But it came with a lot of changes, a lot of lessons, a steep learning curve. Things take longer, and we needed to reassess our level of patience.Nothing has taught us more about slowing down, being present and accepting of the time required, than when we make bread, however.

It is an exercise of patience and we must accept being a mere assistant, working in partnership with the flour and water and the wild yeasts, whom control everything.

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Tati se arriscando no pão

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Primeiros testes no forno

Não queremos parar o tempo.

Também queremos internet rápida, menos fila de espera, aviões supersônicos, Sedex em menos de 24h, mas não vamos concordar com relações e macarrão instantâneos.

We do not want to stop time. 

We want faster internet, less queueing, supersonic aircraft, next day delivery (ha).. But we will not accept instant noodles.

Queremos mais queijos curados, pães naturalmente fermentados, Kombuchá, beijos demorados, longas conversas com os amigos e infinitos almoços em família.

Queremos aprender o tempo das coisas <3  Queremos tempo de qualidade<3

We want more cheeses, matured over time, naturally fermented bread, kombucha, lengthy kisses, long conversations with friends and family and endless lunches.

We want to learn the time of things. <3 We want quality time. <3

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Vamos pra cozinha

Adoro ler aqueles blogs de gastronomia maravilhosos que começam sempre dizendo que desde crianças o lugar preferido era na cozinha ajudando a mãe ou vó. Acho lindo e tenho até um certo ciuminho porque comigo não foi bem assim. Eu fugia mesmo da cozinha. Só aparecia pra comer e depois fugia também pra não lavar a louça. Não me julguem. Sei que é vergonhoso. Minha mãe é excelente cozinheira e monopoliza geral o espaço. Eu só agradecia e comia.

Futuros chefs de cozinha

Futuros chefs de cozinha

E não foi quando sai da casa dos meus pais que isso mudou, pois tive a sorte (muita sorte mesmo) de dividir o apê com uma chef de cozinha.

Como nada dura pra sempre chegou o dia que me vi de geladeira vazia e procurando vídeo no Youtube pra quebrar ovo.

Minha primeira compra do mês foi um verdadeiro desastre. Gastei horrores e a geladeira ainda parecia vazia.  Recorri mais de uma vez aos amigos cozinheiros de plantão pra me ajudarem. Os deliveries e  restaurantes da cidade me salvaram muitas vezes. Foi a época mais magra da minha vida (tudo tem seu lado bom).

Compras do mês

Compras do mês

Quando o Dan veio pra São Paulo dividiamos as atividades na cozinha. Eu fazia o que tinha aprendido depois de muito treino que era basicamente arroz e ás vezes risotto. Ainda penso se ele dizia que gostava só pra me agradar. Sabem como é começo de relacionamento. Tudo lindo. Até arroz sem gosto.

Nós e os risottos da vida

Nós e os risottos da vida

A coisa começou mudar quando nos mudamos de São Paulo para Jarinu. Nosso endereço não está no mapa, então delivery nem pensar. As opções de restaurantes são poucas e no geral só aos fins de semana. Tinhamos que dar um jeito ou seria sandubão e arroz pra sempre.

Juntos fomos aprendendo. A relação com o alimento foi mudando. Queríamos experimentar receitas diferentes, ingredientes inusitados, métodos novos e foi uma curtição que só.

A evolução

A evolução

A Mudança…

A grande virada aconteceu quando o Dan começou fazer os pães e na sequência passamos a nos interessar por permacultura e alimentação natural.  Livros, documentários, estudos e artigos sobre esses assuntos transformaram-se em parte do nosso dia a dia.

Fermentando repolho

Fermentando repolho

Um dos nossos principais objetivos foi reduzir ao máximo o consumo de alimentos processados e zerar no quesito ultrapocessados. 

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Aprender sobre a sazonalidade dos alimentos e a respeitar o tempo da natureza tem sido de extrema importância pra ter sempre alimentos de boa qualidade e com melhor preço. Afinal ficamos mal acostumados a ter morangos disponíveis no supermercado o ano todo que não nos damos conta de que eles tem época certa e definida pela mãe natureza.

Direto da nossa hortinha

Direto da nossa hortinha

Mais coisinhas lindas da horta

Mais coisinhas lindas da horta

Apesar de termos uma hortinha ainda não conseguimos nos alimentar só do que plantamos, mas damos preferência por comprar direto do produtor. Adoramos uma feirinha livre <3 Saber de onde vem e como foi feito o que consumimos.

Feira orgânica de Jundiaí

Feira orgânica de Jundiaí

Feirinha

Feirinha

E haja criatividade pra evitar o desperdício. Abacate com ovo, vitamina de abacate, sorvete de abacate, creme de abacate, máscara para cabelo, e por aí vai. As possibilidades são infinitas. Dá uma sensação boa demais saber que aproveitamos até o talo. Estreita a relação com a natureza.

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Avocado toast

Avocado toast

Torta de tomatinhos<3

Torta de tomatinhos <3

Quanto mais experimentamos mais curiosos nos tornamos.

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A Oficina74 é extensão da nossa casa (literalmente) e aplicamos os mesmos princípios. O menu é sazonal e vamos alterando seguindo as regras da natureza. Nada de complicar.

Nossa dica é observar e aprender. Deixem a natureza surpreender vocês.

Throw it Out..

What do we mean when we say this? We say it all the time, almost like it’s second nature. But where do we think our trash goes? It was when I lived in NYC, I first began to wonder about this, seeing the piles of trash, sometimes over a meter tall in the streets, on every street corner on collection day. The smell of it humming in the air on the hot summer nights, the bin juice, trickling its way off the steel edged curbs into the hot tarmac. I’d see the barges floating down the East River on their way to New Jersey as I was riding my way to work in the mornings. They’d meander peacefully along, filled with tons of shit no one wanted anymore. Where did it all go? Incinerated? Into the ground to create a new rolling hill city park, affording wonderful views of the city that created the waste you’re stood upon. But we all do it, we just put it in a bag, pop it out front, and forget about it.

O que significa isso? Nós falamos o tempo todo, quase de forma natural, mas para onde vai mesmo nosso lixo? Foi quando morei em NYC que comecei a pensar sobre isso vendo pilhas de lixo ás vezes de mais de um metro de altura nas ruas  e em cada canto da cidade em dias de coleta. O cheiro forte no ar nas noites quentes de verão, aquela substância líquida escorrendo do container diretamente no asfalto. Eu costumava ver as balsas com lixo flutuando no East River no meu caminho para New Jersey quando pedalava para meu trabalho todas as manhãs boiando pacificamente coberta de toneladas de coisas que  não queríamos mais. Para onde vai tudo isso? Incinerado? Enterrado para criar morrinhos em um novo parque, permitindo uma vista maravilhosa da cidade que criou todo esse lixo. Mas todos nós sabemos para onde vai. Só colocamos tudo em um saco em frente ao nosso portão e não se fala mais nisso.

Trash pile

William E. Sauro/The New York Times

Living on the farm, Tati and I have found our trash solutions to be a little lacking. We get collection here, once, twice or never a week. The schedule is typically Brazilian, and the loose dogs or stray cats will make light work of your trash bag should the collection not arrive, and you forget to bring it back in. Probably because you’ve been back to back watching stranger things and it’s now midnight and you’re in your underpants and you can get fucked if you think I’m walking out there to get the garbage.

Morando na fazenda, Tati e eu nos deparamos com condições precárias para lidar com nosso lixo. A coleta acontece por aqui uma ou duas vezes na semana, às vezes nem acontece. A programação é bem irregular e os cachorros e gatos de rua dão um jeito no saco de lixo em dias que os coletores não passam e esquecemos de trazer de volta pra dentro. Provavelmente porque estamos assistindo Stranger Things,  já é meia noite  e estou de pijamas bem puto só de pensar em ir até o portão trazer o lixo de volta

So we find ways of reducing our trash to as little as possible. Or at least, the things we need to “throw out”. This is something we all can do to some extent, and every little bit helps, and every little bit helps us feel like we’re doing our bit.

Então temos buscados alternativas para reduzir nosso lixo para o mínimo possível, ou ao menos, reduzir o número de coisas que “jogamos fora”. Isso é algo que todos podemos fazer até certo ponto, e cada pouco já é de grande ajuda.

Homemade Ginger Ale (if this works, the next step is real beer)

We’ve removed meat from our daily diets, for almost a year now, on the farm, we’ve been vegetarian. This removed the amount of food packaging we initially bring into the house, and the amount we throw out. It also means, any scraps we have, can be composted. This, in turn gives us wonderfully rich compost to help us grow our veggies and our leafy greens in the coming months.

Nós tiramos carne do nosso cardápio diário aqui em casa, quase completando um ano de dieta vegetariana. Isso reduziu bastante o lixo que não podíamos reaproveitar porque o resto dos nossos alimentos vão para compostagem.  Usamos o composto para plantar nossos vegetais e hortaliças.

Don’t worry, the furballs are still carnivores, but thankfully the only waste they produce goes chalky white if not eaten by foxes before I normally find it. Gross, right?

Não se preocupe, pois nossos peludos ainda são carnívoros e ainda bem que o único lixo que eles produzem  se desintegra quando não comido por raposas antes de encontrarmos. Nojento, não?

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We don’t receive mail here, we can’t actually, so that removes junk mail and parcel packaging from the equation. There is no need to receive bills or anything via the post, so go paperless where you can. What we do need to buy, we buy and bring ourselves, without the use of plastic bags. Any paper packaging we have, we use to get the wood oven burning, or to warm the house with our wood burning stove on the chilly evenings. Yes, it can get chilly out here in Brazil!

Não recebemos correspondências aqui, na verdade os Correios não acharam o caminho ainda, então isso já tira da lista papéis, folhetos e propagandas. Não há necessidade de recebemos as contas via Correios. Tente eliminar isso se possível. O que precisamos comprar tentamos sempre retirar nós mesmos evitando uso de sacos plásticos. Qualquer embalagem de papel nós usamos para acender o forno à lenha ou esquentar a casa na nossa salamandra em noites frias. Sim, também faz frio por aqui.

IMG_2861Tati at the farmers market

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We don’t buy what we don’t need and generally speaking, we don’t need most things. This is huge, and this is probably where I have been most guilty of creating waste in the past, and this is where we could all do better. Just take a look back at your Amazon purchases, for example, there’s a lot of shit there, right? A lot of stuff gathering dust and a lot of stuff we have no idea where it is anymore..

Não compramos o que não precisamos e falando genericamente não precisamos de muitas coisas. Isso é importante e provavelmente o ponto que me traz mais culpa por ter criado tantos resíduos no passado e é aí que todos nós podemos melhoras. Dê uma olhadinha no histórico de compras na Amazon, por exemplo. Um monte de porcaria, certo? Muita coisa acumulando poeira e muita coisa que nem sabemos mais onde estão.

IMG_2785One of Tati’s Aprons.

Things are super expensive here in Brazil. Imported items even more so, take a mobile phone. In the US, I’d get a new one every year or every other year, just because I could. Not because my old one no longer worked or served me well. But you’d pay 4x the amount you would in the US or the UK for the same device.. So you learn to love the one you have, even if it takes shitty photos and sometimes drops calls. This applies to just about every material possession we have. I used to buy T shirts like toilet paper, sometimes a different colour of the same design, this contributes to all kinds of heart wrenching industries, all kinds of unsustainable farming, labour and a carbon footprint to boot. I’m not saying I don’t care about looking good anymore, but we can learn to do more, with less. I also look like shit.

As coisas são bem caras aqui no Brasil. Importados então ainda mais. Um celular, por exemplo,  em US eu trocaria todo ano só porque eu podia e não porque meu antigo parou de funcionar, mas aqui eu pagaria 4 vezes mais que em US ou UK pelo mesmo aparelho, então aprendi a gostar do que tenho mesmo quando tira fotos não tão boas ou quando a ligação cai. Isso se aplica para praticamente todos os bens que temos. Eu costumava comprar camisetas como compro papel higiênico. Ás vezes diferentes cores do mesmo modelo. Isso contribui para todos os tipos de indústrias desumanas, plantações de algodão nada sustentáveis, trabalho escravo e muita poluição. Não que eu não mais me importe em me vestir bem, mas podemos fazer mais com mesmo. Na verdade eu me visto muito mal.

IMG_2848Buy fresh, buy local and organic if possible

We have started making our own jams, nut butters, breads, cakes and we hand prepare all of our food, from scratch. We buy our ingredients from a weigh and pay or farmers market, and we take refillable jars. We restrict the amount we buy in the supermarket as best we can. We have begun making deodorant, scrubs, toothpaste and dish soaps and laundry detergent. Candles, furniture, lamps and even clothing. From stuff we already had, that no longer served us in its current state.

Nós começamos fazendo nossas próprias geléias, manteiga de castanhas, pães, bolos e preparamos à mão todos os nossos alimentos. Compramos nossos ingredientes a granel ou direto do produtor sempre levando nossas sacolas ou vidros reutilizáveis. Reduzimos nossas compras no supermercado ao mínimo possível. Começamos fazer nosso próprio desodorante, esfoliantes, creme dental, sabão, velas, móveis, luminárias e até mesmo roupas. Normalmente transformando coisas que já temos e não serviam mais.

IMG_2836Body scrub with used coffee ground, coconut oil, vanilla, sugar and cinnamon

IMG_2402Concrete Lamp atop homemade nightstand

IMG_9927Reduce plastic bag use, use jars and weigh and pays where possible

Upcycling allows us all to use stuff we considered junk, and there are a million things online about it, using this old tyre for that, or that old pair of destroyed jeans for this.

Upcycling nos permite dar nova vida a coisas que considerávamos lixo e tem muita informação online sobre o assunto

IMG_8325Making the table

IMG_9339The table, benches, small sidetable, and coffee bar made from reclaimed material and pallets.

The farm, has taught Tati and I so much in the last couple of years, and I do feel better for the small contribution we make in trying to make this place a little less scruffy. If we all made an effort to do one little alteration in our daily habits, our environment would thank us.  Brazil has a lot more to learn too, there are zero incentives towards recycling, so its rare to find a location to recycle glass or plastics, this makes a diference elsewhere and certainly reduces the amounts going to landfill/incineration.

Morar aqui tem nos ensinado muito nos últimos anos, e eu me sinto melhor contribuindo mesmo que de forma pequena para melhorar um pouquinho esse lugar. Se nos esforçarmos para fazer pequenas alterações em nossos hábitos diários a natureza agradecerá. Brasil tem muito que aprender também. Tem pouco incentivo para reciclagem e não é fácil encontrar pontos de coleta se vc está fora dos grandes centros.

It has to be said, simple living, is far from simple. Reducing waste is not easy, it takes planning, sacrifices and a fair bit of work, but if we incorporate some small changes in our daily lives, we can all make a big difference.

Precisa ser dito, viver simples está longe de ser simples. Reduzir lixo não é fácil. Precisa de planejamento, sacrifícios e muito trabalho, mas se incorporarmos pequenas mudanças no nosso dia a dia podemos fazer uma grande diferença

Right now, we produce a little less than a bag of trash a week, and some glass bottles. We could do a lot better and we will strive to get there.

Hoje em dia produzimos pouco menos de 1 saco de lixo por semana, e algumas garrafas. Podemos melhor muito e vamos lutar para chegar lá

One love.