A quick video of a beautifully poured coffee, here at Oficina74.
Because on days of rain, nothing beats a steaming fresh cup.
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Acho que pela quantidade de textos em inglês vocês já perceberam que tem sangue gringo por aqui.
O Dan é inglês com sangue irlandês/canadense e cabelo ruivo. Por capricho do destino ou coincidência com um mix de sorte, não sei dizer, aconteceu de nos conhecermos em São Paulo. Uma história de amor muito fofa que vou contar qualquer dia desses.
Ele é um apaixonado pelo Brasil e não é só porque achou uma brasileirinha para chamar de sua. Ele realmente acha que esse país é bem legal, mesmo com tantos problemas.
Tá ok.Vamos lá. Não foi sempre assim.
Logo no comecinho da nossa história ele já chegou falando Vamos ficar um pouco aqui e nos mudamos para o Canadá. Seria o tempo de nos conhecermos um pouco melhor e então fazer a mala de casacos e escaparmos pra lá. Eu não tinha certeza de nada e para começar tudo bem do começo passamos a viver um dia de cada vez.
A adaptação não foi moleza não. Ele já tinha passado 3 meses no Brasil divididos entre Rio e São Paulo, mas era um short assignment de um projeto para as Olimpíadas, praticamente férias.
Tinha chegado a hora de criar rotina na dura São Paulo. Transporte público, trânsito caótico, preços altos, fila pra tudo, falta de segurança e claro que também tem muita coisas boa como restaurantes, parques, museums e tanta diversidade. São Paulo é aquela relação de amor e ódio.
Além de tudo isso tinha algo que nos incomodava muito. Toda e qualquer pessoa que o Dan conhecia depois de se apresentar e dizer Oi sou fulano de tal, sempre soltava um Cara você é louco? Você é inglês o que está fazendo aqui? Esse país já era.
E para explicar para ele que não era bem assim? A solução foi dizer Vamos tentar um pouco e você descobre por si mesmo se gosta ou não gosta.
Não fecho os olhos para os nossos incontáveis problemas, mas sim levo em consideração nossas incontáveis e incontestáveis qualidades. Penso que com tempo livre e dinheiro no bolso quase qualquer lugar do mundo é bom de se estar. Pancada mesmo é viver a rotina de cada lugar e se deparar com as dificuldades do dia a dia. Seria difícil convencê-lo com palavras que aqui é bom de se viver. Ele teria que experimentar.IMG_1099
Surpreendente para mim foi o fato de que ter o Dan por perto me forçou também a redescobrir o meu país. Queria mostrar para ele como era bom, mas eu mesmo tinha andado mais para fora das bordas que por aqui.
Foi para mim também uma novidade saber de dificuldades e problemas do Reino Unido e acabar um pouco com a fantasia de reino encantado, terra de rainhas e princesas. A realidade é dura, mas é linda. Fato é que tem beleza em todos os cantos. E sim, a beleza está nos olhos de quem vê.
Ás vezes precisamos de um olhar externo para percebermos o que já temos.
Cada lugar que conhecemos e cada amigo de fora que veio nos visitar foi uma aula nova de encanto sobre o Brasil.
No meio desse processo nos mudamos de São Paulo para Jarinu.
Ele se apaixonou e eu passei a gostar ainda mais. Não foram só as viagens ao litoral ou ao cerrado que nos fazem ficar.
São os amigos, a família, nossa casa, o céu azul, a musicalidade, a leveza, o riso fácil, a fruta fresca, coisas intangíveis que adicionam valor a cada minuto vivido nessa terra tropical.
Não podemos dizer que para sempre aqui ficaremos, pois tudo muda o tempo todo, mas podemos responder hoje que queremos ficar.
Queremos usar o pouco que aprendemos e sabemos para transformar esse lugar ou pelo menos o nosso bairro, nossa rua (já é um começo) em um lugar um pouco melhor.
Nem que seja contando um segredinho para vocês. O Brasil é bom demais..
Quando morava em Sao Paulo minha rommie cultivava um vasinho com folhinhas de manjericão na janela. Perfumava a casa toda. Eu adorava aqueles vasinhos, mas era só ela viajar alguns dias que quando voltava eu tinha matado as plantinhas de sede. Vergonhoso. Eu sei.
Os caprichos da vida me presentearam com um quintal com muitas plantinhas de manjericão, hortelã, frutas, hortaliças e etc.
Dan e eu temos estudado muito sobre permacultura, plantas, e hortas em geral. Meu pai tem sido um grande professor nessa nossa jornada de autossustentação. Somos meros aprendizes em uma longa caminhada.
Nem consigo explicar minha felicidade quando tirei da terra uma baby cenoura. Não quis nem comer de tao linda.
O Dan comeu. Crua mesmo. Foi uma celebração que só vendo.
A nossa relação com o alimento tem se transformado todos os dias. Cada sementinha que colocamos na terra carrega um amontoado de emoções e sentimentos. Consequentemente cada uma dessas sementes quando chega ao nosso prato transformado em alimento carrega essa nossa historia e nosso aprendizado.
Ainda não conseguimos viver só do que plantamos. E para ser bem sincera estamos longe dessa realidade. Um dia quem sabe.
Por ora temos nos vigiado e nos atentado para comprar da melhor maneira possível.
Essa experiência nos abriu os olhos para a importância de saber de onde vem e como é o processo do alimento que nos nutri.
Me lembro de ter comprado uma maçã verde importada para fazer uma receita de torta.
Desisti de fazer a torta e as maçãs verdes empacaram na fruteira. Passou uma semana, duas, três e elas continuavam lindas. Aquelas frutas tinham sido colhidas, embaladas, viajaram um longo caminho até chegarem no supermercado e depois na minha casa. Mesmo assim ainda estavam lindas. Aquilo não foi um milagre. Eu achei mesmo muito esquisito.
Temos a sorte de ter espaço para plantar e também de ter por perto pequenos produtores que podemos nos servir. Evitamos importados e damos preferência aos alimentos orgânicos, mas alimentos esses que conhecemos a procedência.
Esse é o estilo de vida que adotamos e prazerosamente nos dedicamos a seguir. Ás vezes escorrego e quando vejo estou comprando blueberries, mas nos esforçamos para seguir esses princípios.
Acreditamos que comprar dos pequenos empreendedores é uma forma de empoderar as pessoas comuns e compartilhar riquezas, porem não posso deixar de enfatizar o quão bom são os produtos artesanais. O que só confirma o que já sabíamos… Com amor é bem mais gostoso.